Victoire de Samothrace
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Nesta próxima sexta, dia 4 de Setembro, o SESC DF apresenta a Brasília sua exposição Obras-primas dos Museus da França. A mostra a se realizar por apenas 15 dias, ao lado do Teatro Nacional Cláudio Santoro, propõe nos trazer as obras mais conhecidas dos museus franceses em suas melhores qualidades de reprodução (?!). Baseada no argumento da dificuldade de visitar instituições tão prestigiadas, a organização da exibição colocará a nossa disposição o total de 131 reproduções de altíssima qualidade, remontando um passeio possível de oito mil anos pela história da arte ocidental.
Os museus que possuem as obras reproduzidas em questão são filhos do pensamento Iluminista e da Revolução Francesa, que juntos contribuíram para dois momentos que merecem atenção na história da arte: a divisão temática dos museus e a criação dos primeiros museus públicos, pertencentes ao Estado.
O primeiro fato incorreu na especialização (hoje por vezes extremada) dos museus de arte, neste caso específico. Ainda neste período, segunda metade do século XVIII, os museus possuíam em seus interiores obras consagradas de seu passado, reconhecidas pela história da arte recém-nascida* nesse momento. Sendo assim, o desenvolvimento de museus estatais é um movimento que começa tímido no final do século XVIII e culmina no século seguinte quando das revoluções liberais européias, há a transferência maciça de bens culturais de igrejas ou realezas para o Estado.
Sabendo da ontologia dessas casas que abrigam grande parte da história artística ocidental, nos cabe agora a pergunta: vale a pena ter acesso a reproduções de tais obras? Obviamente o contato com a própria obra de arte é insubstituível em qualquer instância. A palavra reprodução carrega em si o sentido de imitação fiel, cópia. Sabemos, pois, que nos séculos XVI e XVII, foi importantíssima a circulação de reproduções de obras de arte na forma de gravuras ou cópias em miniatura. Estas garantiram a difusão e o acesso às imagens que haviam sido produzidas com bastante louvor, numa época em que se inventava a primeira máquina mecânica, o relógio.
O acesso a tais obras com certeza, hoje, já é tão simples e possível para uma grande parcela da população por meio da internet. Já questões como, tamanho da obra ou materiais utilizados, são dados que, imagino, as reproduções de altíssima qualidade podem nos ser útil.
Uma coisa é certa, para uma cidade que carece de museus de coleções de arte, um espaço minimamente organizado para receber a cópia de algumas das obras mais significativas da arte consagrada ocidental, já é útil no sentido de que uma obra em um espaço, ou sua reprodução de altíssima qualidade, evoca muito mais do que a própria obra poderia pretender. Talvez, nesse sentido, essa exposição, que terá entrada gratuita, será de grande valia.
*no mesmo momento estavam sendo desenvolvidos os primeiros escritos de história da arte como hoje a conhecemos; principalmente baseada na idéia de estilos.
Este texto é dedicado a Matias Monteiro do blog
Dando Nome Aos Bois.
La Dentellière - Jan Vermeer